O tédio é uma das coisas mais importantes na vida humana. E somente o ser humano é capaz de se sentir entediado; nenhum outro animal é capaz disso.
Osho, o que é exatamente o tédio?
“O tédio é uma das coisas mais importantes na vida humana. E somente o ser humano é capaz de se sentir entediado; nenhum outro animal é capaz disso.
O tédio simplesmente revela que você está ficando consciente da futilidade da vida, de sua constante roda repetitiva.
Você já fez todas essas coisas antes e nada acontece.
O tédio é a primeira indicação de que uma grande compreensão está surgindo em você a respeito da futilidade, da falta de sentido da vida e de seus caminhos.
Agora, você pode responder ao tédio de duas maneiras. Uma é o que normalmente se faz: escapar dele, evitá-lo, não olhá-lo nos olhos, não encará-lo.
Você pode escapar e fugir… Envolva-se com coisas que possam ocupá-lo, que possam se tornar obsessões, que o levem tão distante das realidades da vida, de tal modo que você nunca mais veja surgir novamente o tédio.
É por isso que as pessoas inventaram o álcool e as drogas. Essas são maneiras de escapar do tédio. Mas você não pode realmente escapar, e sim somente evitá-lo por um tempo.
Você pode escapar no sexo, em comer demais, na música – em mil e um tipos de coisas.
Porém, repetidamente o tédio surgirá, pois ele não é algo que possa ser evitado; ele é parte do crescimento humano, e precisa ser encarado.
A outra resposta, então, é encará-lo, refletir sobre ele, ficar com ele, ser ele.
Se você ficar olhando o tédio sem escapar, surge a explosão. Um dia, de repente, ao olhar profundamente para o tédio, você penetra em seu próprio nada.
O tédio é apenas a capa – o recipiente no qual está contido seu nada interno.
Se você escapar do tédio, estará escapando do seu próprio nada. Se você não escapar do tédio, se você começar a viver com ele, se você começar a aceitá-lo… Meditação é isto: Dar as boas vindas ao tédio, penetrar nele voluntariamente; não esperar que ele venha, mas procurar por ele.”
Osho, então, o que é exatamente o tédio?
Um grande fenômeno espiritual. É por isso que os búfalos não ficam entediados; eles parecem estar tremendamente felizes e desfrutando a vida.
Somente o ser humano fica entediado e, entre os seres humanos, somente as pessoas que são muito talentosas e inteligentes; as estúpidas não se entediam, elas estão perfeitamente felizes fazendo os seus trabalhos, ganhando dinheiro, tornando sua conta bancária maior, reproduzindo, comendo, indo ao cinema, a motéis, participando disso e daquilo. Elas não estão entediadas; elas realmente pertencem ao mundo dos búfalos. Elas ainda não são humanas.
Perceba… As pessoas se movem de uma sensação a outra – Estão interessadas no trivial, ficam repetindo e não estão conscientes o suficiente para perceber a repetição – que ontem também fizeram isso, e hoje de novo, e novamente estão imaginando que amanhã farão o mesmo.
A pessoa comum fica alegre por uma razão – ela se apaixonou por uma nova mulher ou um novo homem e fica alegre. Sua satisfação é momentânea; amanhã ele ficará farto desta mulher e começará a procurar outra. A pessoa comum fica alegre porque obteve um carro novo; amanhã ela terá que procurar outro carro.
E isso segue em frente…
E ela nunca percebe o ponto essencial: que no final, ela sempre fica entediada…
A pessoa inteligente percebe isso. Então o que sobra? Somente o tédio, e a pessoa precisa refletir a esse respeito.
Não há como escapar dele, então penetre nele, perceba para onde ele vai e, se você puder continuar a investigá-lo, ele vai dar na iluminação.
Somente o ser humano é capaz do tédio, e somente o ser humano é capaz de se iluminar.
Uma pessoa se torna humana quando começa a se sentir entediada…”